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26 de dez. de 2010

Educação dentro da penitenciária de Ipaba


Escola que funciona há 12 anos no presídio de Ipaba forma mais 23 sentenciados em Ensino Médio e Fundamental






IPABA – Vinte e três presidiários da Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho receberam, na tarde desta segunda-feira (20), os diplomas de formação na escola estadual que funciona dentro da prisão. Eles concluíram o 3º Período do Ensino Fundamental e 3º Período do Ensino Médio. Ambos os cursos são oferecidos por meio do EJA (programa Educação de Jovens e Adultos). A cerimônia de entrega dos certificados ocorreu no auditório da Penitenciária, em Ipaba, e contou com a presença de autoridades da região.


A escola, que funciona há 12 anos na penitenciária, é uma forma de ressocialização dos detentos. “Esse projeto é voltado para despertar o talento de cada um. A possibilidade de estudar dentro da cadeia faz com que a auto-estima deles melhore bastante”, falou a juíza Marli Maria Braga Andrade. “Muitos sentenciados chegam aqui sem nenhuma escolaridade, e os cursos são uma forma deles se desenvolverem aqui dentro”, acrescentou a magistrada, explicando que a cada 18 horas de estudo o preso recebe a remissão de um dia no total da pena a ser cumprida.


Além de ser uma forma de dar seguimento à escolarização dos detentos, as aulas ajudam no comportamento dentro da cadeia. “A escola ajuda muito no bom comportamento deles. O preso busca um meio de crescer junto à educação e também diminuir sua pena, o que melhora muito o ambiente”, completou Marli.


“O projeto só dá bons resultados. Já vi muitos ex-alunos que estão bem lá fora, até um que se tornou advogado. É muito gratificante fazer parte disso”, ressaltou a diretora Lila Martins, que há quatro anos comanda a escola.


Apoio da família


Dos 150 presos que cursam o ensino médio e fundamental atualmente, 23 receberam o diploma nesta segunda, entre eles José Araújo, 25, que cumpre pena por tráfico de drogas. “Esse é o primeiro passo para a ressocialização. Estava no segundo ano do ensino médio quando cheguei aqui, e agora eu penso em continuar meus estudos”, contou o formando, detido em fevereiro deste ano. “Na semana passada a gente fez o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e agora eu já penso cursar uma faculdade”, adiantou o detento.


Além de enxergar nos estudos uma forma de mudar de vida, José vê no filho o caminho para um futuro melhor. “Tenho uma companheira há dois anos e a gente não planejou ter um filho. Mas o Miguel foi o melhor acidente que aconteceu na minha vida”, falou o detento, referindo-se ao filho de seis meses. “Ele é meu grande incentivo. Antes de fazer qualquer coisa, eu penso nele. O Miguel não é só o motivo de eu sair daqui, mas principalmente o meu plano de vida”, concluiu.

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Voz do Povo

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