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23 de nov. de 2010

Jardineiro que escapou da morte no RJ é assassinado

Vítima viu dois de seus irmãos serem executados no início do ano no estado fluminense. Ele perdeu a vida da mesma forma neste fim de semana 

Emmanuel Franco
Repórter 

AKR 

Oséias foi surpreendido pelo homicida quando assistia televisão deitado no sofá de sua residência
IPABA – 
Há 10 meses, o jardineiro Oséias Ferreira de Oliveira, de 37 anos, viu dois de seus irmãos serem assassinados no Rio de Janeiro (RJ), e por muito pouco também não foi morto a tiros. Entretanto, ele acabou morrendo como os irmãos em um homicídio na noite deste sábado (20), em Ipaba. Oséias recebeu três disparos de arma de fogo na cabeça e um no peito quando assistia televisão deitado no sofá de sua residência. 

Em janeiro deste ano, os dois irmãos de Oséias, Daniel, 28, e Amós Ferreira de Oliveira, 32, foram mortos dentro de casa, no Bairro da Taquara, zona rural do Rio de Janeiro. Quatro pessoas invadiram o imóvel e efetuaram vários tiros contra os três. Os dois mais novos morreram na hora – executados com tiros na cabeça. O mais velho, alvo principal dos criminosos, conseguiu se esconder atrás de uma porta e escapar dos homicidas. Os três eram oriundos do Vale do Aço. Oséias estava no RJ há seis anos. Daniel e Amós há apenas alguns meses. 

Na noite deste sábado, policiais militares estiveram na casa do jardineiro, na Rua Fortaleza, no Bairro Paraíso, em Ipaba, e o encontrou deitado no sofá, já baleado e morto. A mãe de Oséias, a aposentada Marília Ferreira Oliveira, 70, perdeu os dois filhos em janeiro e presenciou o terceiro ser morto neste fim de semana. “O homem que matou Oséias estava de touca ninja na cabeça. Ele é magro, alto e vestia roupa preta. Quando ele chegou, eu estava sentada em uma cadeira. Pôs o pé na porta, entrou na sala e deu tiros na cabeça do meu menino. Só falei: ‘Jesus tenha misericórdia’. O assassino saiu e eu o acompanhei até no portão. Ele desceu correndo, montou em uma moto lá embaixo e ‘rachou o fora’”, descreveu a idosa.
De acordo com a mãe dos três assassinados, o indivíduo que matou Oséias agiu muito rápido. “Não pude fazer nada. Meu filho estava assistindo jornal na TV e também não teve tempo para se defender. O assassino entrou segurando o revólver, encostou na cabeça do meu garoto e atirou. Ele esperou o meu esposo e o meu outro filho sair pra poder chegar e atirar. Já estava ‘tocaiando’ Oséias há muito tempo. É o terceiro filho que perco só esse ano. Todos três vítimas de homicídio”, lamentou. 

Marília ainda clamou por providências da polícia. “Desejo que o assassino seja preso, pois meu filho era inocente. Precisa haver justiça. Não tive medo quando esse homem invadiu minha casa. Se tivesse condições de fazer alguma coisa, eu tinha feito. Mas eu estou uma pessoa muito fraca desde a morte dos meus outros dois filhos. Tive começo de derrame e estou debilitada. Então não pude fazer nada”, concluiu a aposentada.

Oséias estava em Ipaba há pouco mais de uma semana. Depois do assassinato dos irmãos, ele voltou para o Vale do Aço, ficou alguns meses e retornou novamente ao estado carioca. 

Mulher pode ter sido pivô do homicídio  
Outro irmão de Oséias, o trabalhador rural Cléber Ferreira Oliveira, de 49 anos, revelou que o assassinato deste sábado (20) não está ligado a nenhuma confusão anterior no estado fluminense. “Não tem nada a ver com o problema no Rio de Janeiro. Se fosse alguém de lá, seria desconhecido. Não ia chegar aqui e colocar uma touca ninja. Quem matou Oséias é gente daqui da cidade. E eu conheço essa pessoa”, disse, acrescentando sobre a motivação: “O negócio é o envolvimento de Oséias com uma mulher aqui do bairro. Antes, meu irmão morava no RJ e teve um caso com ela, sem o marido saber. Depois, o esposo dela descobriu e eles até brigaram. Meu irmão foi até parar na cadeia por causa disso. Ele voltou e essa rixa não acabou. Ele não tinha mais envolvimento com essa mulher, mas a mágoa do marido dela ficou guardada. Nunca mais o cara fez amizade e nem conversava com a gente. Ele estava diferente”.

Cléber declarou que a família jamais fará justiça com as próprias mãos. “Vamos deixar a polícia trabalhar. A autoridade sabe trabalhar e descobrir, pois estudou pra isso. Eu sou até analfabeto, mas, mesmo assim, inteligente. Não pude estudar, mas inteligência eu tenho. Não adianta tentar me passar pra trás, achando que vai me enganar por ter colocado um capuz na cabeça. Eu conheço a pessoa até pelo corpo e eu sei quem é quem. Não é só o rosto não”, comentou. “Os assassinos do meu irmão são moradores aqui próximos. Um atirou e o outro deu fuga”, finalizou. 

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Voz do Povo

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