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25 de jun. de 2013

PM usa bombas de efeito moral contra manifestantes em Ipaba, MG Seis ônibus foram danificados durante a manifestação. BR-458 e MGA-900 foram interditadas.

PM usou bombas de efeito moral contra manifestante que bloquearam a BR-458, na altura da cidade de Ipaba (Foto: Patrícia Belo / G1)


Manifestantes realizaram nesta segunda-feira (24), o segundo protesto na cidade de Ipaba, no Leste de Minas Gerais. Cerca de 300 pessoas foram para as ruas e bloquearam a BR-458 e também as duas vias que dão acesso ao município que é pela MGA-900. Ônibus foram queimados e depredados, e a Polícia Militar usou bombas de efeito moral contra os manifestantes.
Ônibus foram depredados em Ipaba, Leste de MG (Foto: Patrícia Belo / G1)Ônibus foram depredados em Ipaba, Leste de
MG (Foto: Patrícia Belo / G1)
Os protestos começaram pela manhã no centro da cidade, onde as primeiras depredações nos coletivos foram registradas. Em seguida, os populares caminharam até a garagem dos ônibus da Univale, empresa responsável pelo transporte intermunicipal, colocaram fogo em dois veículos e jogaram pedras em outros quatro.
Segundo informações do coordenador de transporte da Univale, Getúlio Araújo Costa, a situação só não ficou pior porque a polícia conseguiu chegar a tempo de evitar maiores depredações.
“Infelizmente, quando eu cheguei aqui na empresa, deparei-me com alguns funcionários apagando o fogo. Graças a Deus, conseguimos conter as chamas e o incêndio foi de pequena proporção. Mas ficamos no prejuízo com esses outros veículos, todas as janelas foram quebradas, diz.
De acordo com a Polícia Militar, três pessoas foram detidas por ato de vandalismo e crime contra o patrimônio.
Homens do GATE foram chamados para reforçar segurança na BR-458. (Foto: Patrícia Belo / G1)Homens do GATE foram chamados para reforçar
segurança na BR-458. (Foto: Patrícia Belo / G1)
Confronto
Para conter a manifestação, além da Companhia de Recobrimento do Ipaba, foram chamados polícias de Ipatinga e ainda uma equipe do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).

O clima de tensão piorou quando populares arremessaram pedras contra os militares. Bombas de efeito moral foram acionadas pela PM e atiradas contra os manifestantes. Foi a primeira que vez que os militares utilizaram o artefato durante as manifestações no Vale do Aço, embora alguns tenham permanecido com bombas em mão.
O capitão Luiz Antônio, da Companhia de Recobrimento de Ipaba, diz que a ação foi necessária em resposta aos estragos na cidade provocados pelos manifestantes, bem como o bloqueio de importantes rodovias.
Manifestantes reclamam da ação da polícia
“Eu estava numa boa somente protestando os meus direitos. E Infelizmente a polícia não estava ali somente para manter a ordem, eles vieram também com a intenção de machucar os protestantes”, diz uma estudante.
A cadeirante Cleonice Gonçalves diz que foi empurrada por um amigo pelos 8 km do protesto e, ao chegar às proximidades da BR, teve que se esconder de uma bomba lançada pela polícia.


Cadeirante reclama da ação da polícia em Ipaba
(Foto: Patrícia Belo / G1)
“Mesmo com a minha deficiência eu quis protestar, pois ando de ônibus na cidade do Ipaba e a maioria deles não possui nem elevador para cadeirante. A policia precisa te mais respeito”, afirma.

O capitão Luiz Antônio não quis comentar sobre os atos de violência relatados pelos manifestantes. Segundo ele, os militares agiram de acordo com a necessidade para manter a ordem.

“Esses manifestantes já fizeram suas manifestações no sábado (22). E hoje voltaram com intuito de bloquear a BR novamente e consequentemente atrapalhar o trânsito nas proximidades. A polícia aceita sim os protestos, mas eles precisam também respeitar o direito de ir e vir de todos”, afirma o policial.

Os manifestantes interditaram o trânsito formando duas barreiras na BR-458, permitindo a passagem apenas de ambulâncias ou veículos com pessoas doentes. Os policiais e os homens do Gate permaneceram no local até o final da manifestação.
Reivindicações
A principal reivindicação é a redução no valor da passagem intermunicipal que custa R$4,15. Segundo o presidente da associação dos moradores, Paulo Sérgio de Jesus Evangelista, foi protocolado no Ministério Público, em março de 2012, um ofício que questiona a tarifa cobrada na linha Ipatinga-Ipaba.
“Essa é uma luta antiga dos moradores de Ipaba. Estamos aproveitando a oportunidade que o Brasil inteiro está lutando por redução das tarifas. Nós vamos conseguir reverter esse quadro”, afirma.
O presidente da associação de moradores diz que o percurso da linha sempre é feito pela chamada “estrada velha”, próximo ao Vale Verde, que faz a ligação entre a BR-458 e o centro de Ipaba.  Mas, há cerca de seis anos, a pavimentação de um novo trecho deu uma nova opção de acesso ao município, também com ligação a BR-458 ao centro de Ipaba. O novo acesso permitiu a redução de 4,5 km no percurso e totalizando 18 km, enquanto pela estrada velha o percurso total era de 22,5 km.

O coordenador da Univale afirma que a alteração do trajeto não depende somente da empresa, sendo necessário que o Estado acate o pedido e peça a mudança da rota.

“Não somos nós os responsáveis pelas alterações dos trajetos entre Ipatinga e Ipaba, somente fazemos o transporte. A rodovia é de responsabilidade do Estado, portanto é ele que deve pedir para que seja feita a mudança ou não da rota dos ônibus”, diz Costa.

O presidente da associação dos moradores ainda relata que, pela tabela vigente na Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), o preço do quilômetro rodado para este trecho deve ser de R$ 0,170587.

“O preço da passagem, conforme a quilometragem real, deveria ser de R$ 3,55. No entanto, o preço atual é de R$ 4,15. Só queremos justiça, pagar pelo que andamos. Muitos moradores do Ipaba não conseguem um emprego na cidade de Ipatinga, por que patrão nenhum quer pagar esse valor absurdo de passagem”, finaliza Evangelista.
Manifestantes bloquearam a BR-458  na altura da cidade de Ipaba, Leste de Minas Gerais (Foto: Patrícia Belo / G1)Manifestantes bloquearam a BR-458 na altura da cidade de Ipaba, Leste de Minas Gerais (Foto: Patrícia Belo / G1)

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