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27 de jan. de 2015

Falta d’água assola Ipaba

Desabastecimento ocorre há, pelo menos, dez dias. Prefeitura afirma que acionará a Justiça
Moradores aguardam, em fila, para encher galões na Estação de Tratamento de Água de Ipaba

IPABA – Um caminhão-pipa é escoltado pela Polícia Militar até a Estação de Tratamento de Água de Ipaba. No local, uma enorme fila se forma. Moradores com baldes, galões e barris ficam à espera da sua vez na mangueira disponibilizada por funcionários no portão da estação. No fim da tarde, a fila é maior, dobra quarteirões e militares garantem a ordem. A falta d’água, corriqueira em Ipaba, se agravou: moradores afirmam que, em muitos bairros, essa situação já passa de dez dias e ninguém explica o problema. 
Quem não tem carro ou um vizinho que tenha um veículo e seja solidário, perambula ruas debaixo de sol forte para levar a água da estação de tratamento para casa. “Moro há 25 anos aqui. Sempre tivemos problemas com o abastecimento de água, mas esse ano a coisa piorou”, diz o carpinteiro Joaquim Siriaco da Silva, 58. 
A falta do recurso é informada em pontos diversos de toda a cidade. Nos morros, a situação é ainda pior – a água não sobe, dizem populares. No alto do bairro Bela Vista, moradores descobriram uma torneira “premiada” em uma casa abandonada e se revezam para garantir um balde cheio. “Fora isso, são alguns poços artesianos que estão nos salvando, além da solidariedade de quem os tem”, conta o motorista Wenderson Alvez, 32. Dona de casa, Silvana Santos de Oliveira, 19, mostra a conta d’água. “Não entendo porque pagamos tanto pelo que não temos”. Curiosamente, ela mora ao lado de um reservatório da Copasa. 
O problema é antigo. A estrutura da companhia seria insuficiente para atender à totalidade da população. É necessário investir em mais poços de captação, reservatórios e barragens. Em seu gabinete, o prefeito Edimarques Gonçalves Teixeira, o Marquinhos do Odilon (PDT), afirma que o município acionará a Justiça nos próximos dias e, caso a manobra não seja bem-sucedida, pleiteará o cancelamento da concessão firmada com a Copasa. O contrato sancionado em 2009, diz o prefeito, é de 30 anos e a empresa se comprometeu a investir em sua limitada estrutura para uma população que cresceu exponencialmente desde o início da operação.
Silvana e a família moram ao lado de um reservatório, mas nem assim há água em casa

“A Copasa está sendo omissa no compromisso com o município”, reclama. Na sexta-feira, 23, a administração se reuniu com um representante local da concessionária. O resultado foi pouco proveitoso e a direção da empresa também foi procurada. “Acionei o gerente-geral que disse não ter previsão de solucionar os problemas, devido a diversas deficiências”, lamentou.
A Copasa se posicionou sobre o caso na noite desta terça-feira. Por meio de comunicado, a companhia informou que houve redução da quantidade de água disponível para captação de 118.800 litros por hora para 10.800 litros por hora em função das captações irregulares. "A Policia Ambiental, a pedido da Copasa, está percorrendo os afluentes do ribeirão Água Limpa para identificar e autuar os infratores. A Copasa equipou e está utilizando um novo poço profundo para melhorar o abastecimento da sede do município".
Além da precária estrutura de abastecimento e a seca que assola os cursos d’água, a redução da vazão provocada pela utilização irregular também foi endossada pela Polícia de Meio Ambiente do Vale do Aço.
Comandante do pelotão, o tenente Átila Porto destacou que, em atendimento a um pedido formal feito pela Copasa, a corporação desencadeou ações desde o último sábado, 24, para atuar contra estruturas ilegais de captação de água e seus responsáveis. Pessoas foram autuadas e multadas.
Para muitos, porém, a captação ilegal de água para irrigação e construção de barragens artesanais irregulares ocorre há mais tempo e não explica o desabastecimento. “A Copasa já deveria ter feito poços de captação anos atrás e só agora começou a fazê-los”, enfatiza Marquinhos do Odilon.

Repórter : Wesley Rodrigues







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