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27 de jan. de 2015

Moradores de Ipaba sofrem com falta d’água há quase 2 semanas

Copasa permite que a população capte água em estação de tratamento para amenizar o problema



IPABA – A seca que afeta Ipaba nas últimas semanas prejudicou drasticamente o abastecimento de água no município. Os ipabenses estão sem fornecimento de água há aproximadamente 12 dias. As críticas recaem principalmente sobre a Copasa, concessionária responsável pelo abastecimento de água no município. A crise afeta com mais gravidade os bairros Primavera, Paraíso, Nossa Senhora das Graças e Bela Vista. Para tentar amenizar o problema, após a pressão popular, a Copasa permitiu que os ipabenses pegassem água na Estação de Tratamento de Água (ETA) do município, situada no bairro Primavera, ao lado da estrada que dá acesso ao distrito de Boachá.
A ETA está distribuindo água dia e noite. Filas enormes estão se formando em frente à Estação de Tratamento todos os dias. A Copasa disponibilizou mangueiras para que a população se sirva à vontade, a qualquer horário. A única recomendação é que os usuários fechem a torneira após encherem seus reservatórios.
Na tarde dessa terça-feira (27), o JORNAL VALE DO AÇO esteve na ETA de Ipaba e constatou uma fila quilométrica. Moradores de vários bairros do município foram à Estação de Tratamento com garrafas pet, galões, tambores e latas. O motorista Adalton Roberto de Oliveira, de 38 anos, morador do bairro Nossa Senhora das Graças, contou o seu drama. 
“A Copasa tinha que disponibilizar pelo menos um caminhão pipa para circular na cidade e nos atender. Estou sem água há vários dias. Lá em casa estamos tomando banho de cavalo, virando água na caneca. A coisa está feita”, lamenta o motorista, que, embora resida em frente à lagoa de Ipaba, não tem coragem de consumir a água do local. “A Prefeitura eliminou a descarga de esgoto na lagoa há algum tempo, mas não tratou a água. Não tem como utilizar a água da lagoa de Ipaba. Ela está repleta de esgoto. Não serve nem para lavar roupa. O jeito é vir aqui na estação da Copasa e pegar água”, comentou Adalton.

Triste realidade 
José Barbosa ficou seis dias sem tomar banho e teve que recorrer ao irmão

Quem mora longe da Estação de Tratamento de Água de Ipaba e não possui condução própria tem que recorrer à ajuda de vizinhos para conseguir um pouco de água. É o caso do aposentado José Barbosa Filho, de 76 anos, morador do bairro Paraíso. 


“É a primeira vez em minha vida que eu vivo uma situação dessas. Estou sem água há oito dias. Na segunda-feira fez seis dias que eu não tomava banho. Só estou de banho tomado agora porque fui à casa do meu irmão. Essa é uma triste realidade que eu nunca imaginei que iria viver”, declarou José Barbosa, que encheu um tambor de 200 litros e um galão de 50 litros, que foram transportados na carroceria do carro de um vizinho. 



Poço artesiano é insuficiente para atender a demanda 
Até segunda-feira, Ipaba contava com apenas um poço artesiano, que fica ao lado da Estação de Tratamento de Água (ETA) do município, que faz captação no ribeirão Água Limpa. O problema é que o ribeirão está sofrendo com a seca e teve sua vazão diminuída significativamente. Por volta das 14h dessa terça (27), a Copasa colocou em funcionamento um segundo poço – que já era perfurado – localizado em frente ao campo de futebol do bairro Primavera, próximo à entrada da Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho. Mas a liberação deste segundo poço para a captação d’água ainda é insuficiente para atender à demanda da população. 
Mesmo quem reside longe do bairro Primavera teve que ir à estação de tratamento para não ficar sem água

O líder comunitário José do Carmo Lima Maciel, que está acompanhado a crise de abastecimento d’água em Ipaba junto às autoridades competentes, diz que a vazão atual é incapaz de suprir a demanda do município. “A Estação de Tratamento de Água de Ipaba está captando água do ribeirão Água Limpa, com uma vazão de quatro litros de água por segundo. E o poço artesiano que fica logo abaixo da estação está possibilitando uma captação de seis litros d’água por segundo. Então temos 10 litros d’água por segundo. O ideal no município seria uma captação de 32 litros d’água por segundo”, afirma José do Carmo.

“Estamos reivindicando a perfuração de mais quatro poços artesianos em Ipaba. Um dos locais previstos é no bairro Paraíso. Mas há outras localidades onde também é possível a perfuração de poços, principalmente onde existem córregos”, completa o líder comunitário. 

O presidente da Associação de Moradores do bairro Primavera, Paulo Sérgio de Jesus Evangelista, endossa o discurso de José do Carmo. “A construção de mais poços artesianos em Ipaba é indispensável para solucionar o nosso problema”, ressalta.


REPÓRTER: Bruno Jackson

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Voz do Povo

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