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14 de ago. de 2010

Presos da PDMC fabricarão cadeiras de rodas

IPABA – Atendendo pedido da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), detentos recolhidos na penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba, passarão a fabricar cadeiras de rodas nas próximas semanas. Inicialmente foram feitas 30 encomendas para uma entidade de Belo Horizonte. “O nosso superintendente da Subsecretaria de Administração Prisional me solicitou e perguntou se nós éramos capazes de fabricar cadeiras de rodas para paraplégicos. Antes de conversar com os presos da serralheria e da tornearia, eu falei que nós éramos capazes sim e que íamos fazer com muita qualidade”, comentou o chefe da unidade, tenente Adão dos Anjos, comemorando o novo desafio.

Adão dos Anjos reiterou a certeza de que o trabalho dos detentos será bem feito. “Não vamos ficar devendo nada a grandes empresas. É uma pretensão, mas também uma realidade. Temos uma encomenda de 30 cadeiras de rodas. Mandei o orçamento da matéria prima para o superintendente e ficou em R$ 18.700. Então vai ficar uma média de R$ 600 por cadeira, quando no mercado o preço delas varia de R$ 390 a R$ 1200. Então nós vamos fazer uma coisa de qualidade por R$ 600 e provar que você pode transformar uma cadeia num local de punição sim, mas também fazer com que o preso cumpra a sua pena com dignidade, e é aí que o cara sai melhor do que quando entrou. Eu acho que é nisso que a sociedade leva vantagem”, pontuou o chefe da Dênio Moreira.
Adão dos Anjos lembrou ainda que há sempre desconfiança quando se fala em mão-de-obra de detentos. “Fica aquela interrogação: será que não vão sair cadeiras sabotadas? Quando se fala que o preso vai fabricar um pão, ainda tem gente que comenta: ‘Eu não como desse pão. Tem veneno’. São aquelas coisas que ainda existem na cabeça de alguns, até de pessoas boas que ainda não comem uma alface plantada pelo preso porque ela pode estar sabotada. Não é bem assim. São nove anos que a gente faz esse trabalho, mais 21 que a gente fez quando era policial, e nós nunca tivemos problemas de sabotagem, de retroação de preso”, revelou.

Venda de cadeiras de rodas
O chefe da penitenciária de Ipaba afirmou que a expectativa é que a fabricação das cadeiras de rodas possa também atender a empresas privadas, enfatizando que o preso que trabalha só tem a ganhar. “Vamos fabricar 30 cadeiras e quem sabe nós não passamos a fazer cadeiras em definitivo para essa entidade de Belo Horizonte. Nunca esquecendo que a Lei dá o benefício da remissão de pena. Os benefícios que os detentos recebem, depois do cumprimento de parte da pena, é que a cada três dias de trabalho, diminui um na pena. A cada três dias de aula, também diminui um dia na pena. Presos que trabalham também recebem um salário de três quartos do salário mínimo”, explicou, lembrando que o detento que passa a trabalhar ou estudar é avaliado por uma Comissão Técnica de Classificação (CTC).

Oficinas
Adão dos Anjos lembrou que muitas das unidades prisionais de Minas Gerais foram construídas de forma a facilitar o trabalho dos detentos. “As unidades penais mais antigas já foram construídas com oficinas, como em Teófilo Otoni, Governador Valadares, Ipaba e Unaí. O Estado já montou essas cadeias com oficinas e maquinários de última geração na época, há mais de 25 anos. Quando eu assumi, tanto Valadares quanto Ipaba, esses maquinários estavam enferrujados, nunca haviam sido usados. Pensei: se nós temos as oficinas, porque não usar a mão-de-obra do preso, já que ele é criativo, se ele sabe furar buraco para fugir, fazer túnel. Em Ipaba nós temos a marcenaria, a serralheria, a lavanderia e a tornearia mecânica”, complementou.

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Voz do Povo

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