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7 de out. de 2010

Família vive drama com detento tetraplégico

Homem estava na penitenciária de Ipaba, mas teve que ser transferido para Ribeirão das Neves. Esposa acredita que nenhuma unidade prisional da região teria estrutura para recebê-lo

Emmanuel FrancoRepórter 
Residentes do Bairro Caladão, em Coronel Fabriciano, a esposa e os filhos do aposentado Edmilson Moreira Martins, de 49 anos, buscam uma solução para um drama que tem tirado o sono da família. Tetraplégico e doente em fase terminal, ele foi preso há algumas semanas pela Polícia Militar. Na ocasião, Edmilson foi encaminhado para a penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba, mas, nesta segunda-feira (4), teve que ser transferido para Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.    

O jornal VALE DO AÇO esteve na manhã desta quarta-feira (6) com a esposa do detento, a comerciante Líbia Maria Rocha Maciel Dias, 52. Ela reiterou as complicações de saúde do marido, lembrando que nenhuma unidade prisional da região teria recursos e estrutura para recebê-lo. “Ele corre risco de morte. Muito mesmo. Tem problemas de hanseníase, câncer e muitas infecções. Quando estava em nossa casa, meu esposo dependia dos filhos para tomar banho, para evacuar e para se alimentar. Até para tomar uma água ele dependia dos filhos”, explicou.

De acordo com Líbia, Edmilson sofre de câncer na próstata. “Duas vezes ao dia ele tem que tomar banho e trocar curativos. Meu marido foi preso em função de um mandado de prisão. Desde então começamos a correr atrás de uma solução, com a ajuda do Dr. Adão (dos Anjos, chefe da penitenciária Dênio Moreira). O resultado foi positivo e ele ajudou a gente muito. Só que houve um imprevisto e transferiram Edmilson para Belo Horizonte por ele ter piorado, passado muito mal. Só que hospital nenhum consegue tomar conta dele, pois o que meu esposo precisa é do apoio da família. Ele está chorando muito, sofrendo muito por causa das netas. Edmilson tem uma netinha de três anos que é ‘doente’ com ele. Ela está chorando por causa do avô. Não tem como a gente levar a menina até ele”, comentou. “Meu marido tem os defeitos dele, porque ninguém é perfeito, mas tem uma virtude: é um ótimo pai, soube criar os filhos. Edmilson é apaixonado com os nossos filhos e netos. E o que mais ‘mata’ ele é a distância da família”, completou. 

“Escondemos da polícia” 
Conforme Líbia, o marido está acamado e não oferece risco a ninguém. No dia da prisão de Edmilson, a família fez o que pôde para tentar evitá-la. “Tiramos meu esposo de casa e o escondemos da polícia para que ele não fosse preso. Ele não tem condições de ficar recolhido em uma cadeia. Se ficar, ele vai morrer”, afirmou a comerciante, que preferiu não dar detalhes acerca dos crimes que o esposo cometeu, mas informou como ele ficou tetraplégico: “Ele andava normalmente, mas aí houve um problema com uma namorada. Edmilson se desentendeu com uma pessoa, tomou alguns tiros e ficou assim”.

Líbia ainda reclamou que o marido foi transferido da penitenciária Dênio Moreira de Carvalho sem que a família fosse informada. “Fiquei sabendo na manhã desta terça que ele havia sido mandado para Ribeirão das Neves. Ninguém me comunicou. Eu tinha direito de acompanhá-lo até Belo Horizonte, pois meu marido não é animal, ele é um ser humano e tem família. Estou passando por muitas dificuldades. Não tenho como todo sábado e domingo deslocar daqui pra ir vê-lo em BH. Ele nunca podia ter sido transferido sem a presença de um familiar”, disse. 

Desespero 
Desesperada com a situação de Edmilson, Líbia sugeriu às autoridades medidas improváveis de serem tomadas. “Não há risco de ele fugir. Que perigo que tem? Pode deixar ele aqui em casa com um policial na porta, que garanto que meu marido não vai sair. Quem vai tirar ele daqui? Ou então algemem a perna dele na cama, que eu cuido dele do mesmo jeito”, desabafou.
 A esposa do detento ratificou a indignação pelo o fato de a transferência de Edmilson para Ribeirão das Neves não ter sido comunicada à família. “Eu entendo pouco das leis, mas sei que meu marido tinha o direito de que uma pessoa da família o acompanhasse até Belo Horizonte. Nós não ficamos sabendo da transferência. Tomei conhecimento pelo telefone quando liguei para saber notícias dele. E se ele tivesse morrido na estrada? Ao Dr. Adão eu só tenho a agradecer. Ele fez o que pôde para ajudar meu esposo. Se tivesse nas mãos dele, Edmilson estaria aqui dentro da minha casa”, complementou. 

A comerciante afirmou ainda ter ficado sabendo que o quadro clínico do esposo piorou em Ribeirão das Neves. “Ele teve convulsões em razão de uma febre alta. Me falaram que ele estava debatendo em cima de uma cama, que também tinha o pênis todo inchado e sangrando”, informou a mulher, que ainda fez um apelo: “Peço que as autoridades que tenham misericórdia, pois tem gente bem pior do que ele solta no mundo. Meu marido não faz mal a ninguém mais, só a ele mesmo. A família necessita dele”.

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